terça-feira, 14 de outubro de 2008

Conheça o MITERP - parte 1

Bom, as eleições passaram e daqui a pouco é 2009, hora de começar a cumprir as promessas. E você, digníssimo prefeito do município de Braço do Trombudo (SC), prometeu construir um terminal rodoviário para a cidade. Mas aí fica a dúvida: a partir de quais parâmetros se constrói uma rodoviária? Como eu dimensiono as futuras instalações do terminal? Há certos padrões a serem seguidos? E eu respondo, há sim. E ele se chama MITERP.

MITERP é a sigla para Manual de Implantação de Terminais Rodoviários de Passageiros. Foi elaborado pela primeira vez no final da década de 70 pelo extinto DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem). Foram publicadas ao todo três edições  do manual, que serviram de base para construção terminais como o Tietê, em São Paulo. A última foi em 1986 e até hoje é usada como parâmetro para construir/reformar um terminal rodoviário (um exemplo é o novo terminal de Campinas - foto*)

O MITERP de 86 é constituído de 11 (onze) partes que abrangem desde a sistemática de implantação, onde são descritas as etapas necessárias e os procedimentos a serem seguidos para a implantação dos terminais, até os critérios e recomendações de aspectos específicos de classificação e dimensionamento, localização, projeto arquitetônico, programação visual, atividades comerciais, regimento interno, controles estatísticos e financeiros e convênio com órgãos públicos. Falaremos um pouco sobre os principais aspectos dessa edição.

-Sistemática de implantação e classificação do terminal (capítulos 1 e 2)
As primeiras providências são elaborar estudos de projeção de demanda, que o manual descreve como "levantamento e análise dos dados sobre o transporte rodoviário de passageiros, com origem, destino e trânsito na localidade a ser beneficiada, de modo a quantificar o número médio de partidas e chegadas diárias, no período do projeto estipulado, nunca inferior a 10 anos"


De posse desses estudos, será definido a que categoria se enquadrará o terminal. O manual classifica os terminais em oito categorias diferentes conforme o número de partidas diárias. Para cada categoria há um número médio de plataformas de embarque e desembarque a serem construídas. Esses dados podem ser observados na tabela abaixo:




FATORES

Nº MÉDIO DE PARTIDAS/DIA

Nº DE PLATAFORMAS DE EMBARQUE

Nº DE PLATAFORMAS DE DESEMBARQUE

A

901 a 1250

45 a 62

15 a 21

B

(novo terminal rodoviário de Campinas*)

601 a 900

(terminal de Campinas: 820 partidas/dia*)

30 a 45

(terminal de Campinas: 40 todo - emb. + desemb.*)

10 a 15

(terminal de Campinas: 40 todo - emb. + desemb.*)

C

401 a 600

20 a 30

7 a 10

D

251 a 400

13 a 20

5 a 7

E

151 a 250

8 a 13

3 a 5

F

81 a 150

5 a 8

2 a 3

G

25 a 80

2 a 5

1 a 2

H

15 a 24

1

1

fonte : MITERP, 1986



Alguns aspectos a serem observados na tabela:
- o nº de plataformas de desembarque corresponde a 1/3 das de embarque;
- para terminais com previsão superior a 1250 partidas diárias, recomenda-se um dimensionamento especial ou instalação de novo terminal na localidade;
- o dimensionamento dos demais equipamentos do terminal deve ser em função do número de plataformas de embarque;



__________________________________________________________

na próxima postagem sobre o Miterp
- saiba quantos vasos sanitários masculinos devem ter cada terminal
e o que deve-se levar em consideração ao escolher o local da nova rodoviária

4 comentários:

Doria disse...

Grande Michell!

Interessante esse "manual de intruções" sobre os terminais rodoviários.

Nos faz pensar se as nossas cidades estão REALMENTE cumprindo com as determinações do mesmo. Cidades praianas ou grande potencial turístico, capitais, cidades que possuem grande fluxo de veículos etc.

As Eleições estão aí. É hora de ver o próximo prefeito terá um compromisso com infra-estrutura de transportes.

Abraços

Douglas Piccolo disse...

Caro Michell,

Pesquisando sobre Rodoviárias e afins cai de paraquedas no seu blog e li seus comentários.

O Miterp foi analisado, ampliado e redesenhado por nós em 1978. A Socican foi contratada para esta finalidade durante o governo Paulo Egidio e nos contratou para uma revisão completa da parte visual. A primeira implantação do Miterp revisado foi feita em março de 1979 na inauguração da Rodoviária de Ourinhos. Vimos que você cita nos seus comentários a Rodoviária de Campinas. Neste projeto fomos contratados para a criação da Identidade Visual e do Sistema de Sinalização. Aproveitamos e redesenhamos parte dos pictogramas que criamos em 1978. Vai em seu email imagens desse projeto.

Douglas Piccolo
dparqui@uol.com.br

Osman Menezes disse...

Boa tarde Michel!
Sou estudante de arquitetura e estou fazendo um terminal rodoviário em meu TCC. Vi uma publicação sua em um blog q diz: O MITERP de 86 é constituído de 11 (onze) partes....
Como faço pra ter acesso a todas elas?
Obrigado!
Abraço!

Giselle Jayanne disse...

Olá, Osman Júnior, você conseguiu esse documento? Sou estudante de Arquitetura e estou fazendo um terminal rodoviário no meu tcc!
Obrigada desde já!

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